terça-feira, 13 de julho de 2021

Uma das leituras possíveis dessa imagem-texto de Solano Andrade, pode ser o sentido de contrário, Aquela expressão muito comum na fala dos brincantes de bumba-meu-boi quando desejam dispor suas discursividades na roda...neranão?! " Sai pra lá contrário", assim dita lá no Maranhão... Então, somos preenchidos de palavras, signos, significados e sons que nos afetam e nos direciona aos próximos passos, seguindo por caminhos aparentemente desconhecidos, embora repletos de axé, outros mais perigosos e danosos que nos colocam em situações de contra-axé. E é para tratarmos desse sentido de " contra-axé" que escrevo em rezas. como mulher negra, de baixa renda , mãe e acadêmica. que ainda vive atravessada por todas as dificuldades oriundas de um sistema racista, sexistas e negacionista, compartilhando experiências impostas juntamente com outras mulheres no seu sentido geral, em particular, mulheres negras, entendendo também que toda existência é importante e singular, o que nos diz que cada uma de nós também experencia cores, sabores e processos diferentes. Pensar dessa perspectiva nos guia e reORIenta para o alargar e o trasbordar do corpo-movimento, um tipo de impulso que sufoca o peito daquilo que está cheio em busca de serenidade. O que se pode ou não dizer? Quais são as formas de medo e de esperança? Se para alguns a esperança caminha com o medo? se para outros, o medo é justificativa para sua própria insegurança? ? Dessa vista, Que face tem as representações que regem nossas ações mais imediatas? Nossos posicionamentos em certa situações , falam muito sobre isso, sobre o corpo em pleno movimento. O afro-corpo que não batuca, tá com a " PRETITUDE" reprimida, forçosamente ou por escolha, resolveu se vestir conforme os padrões brancos, amarrando laços e calçando sapatos, até porque, " preto descalço é escravo" como diz " Irineu". Na tentativa de dá uma nova roupagem ao cenário que parece inalteravel na sua vida mas que adaptado pode dá, só não pode da festa da "assembléia" participar. São desses corpos apartados pelo véu empoeirado da memória que corporifica e trata o eu-lírico. Esse não-lugar que cria rupturas devido também a diversos fatores históricos, sociais e culturais. Condição existencial de submissão.Essa que coloca a autonomia das ideias na cadeira dos réus para ser julgada pelos intereeses privados instituídos de toda razão. É importante aprendermos a contruir espaços seguros, aprendermos a passar pelos caminhos perigosos, resiliência e axé nas caminhadas. Só que, vez e outra, deparamo-nos com personalidades criadas e a vontade para representar a maldade banalizada e alicerçada de forma estrutural além de aplicada nas instituições como, por exemplo, a família. Porque é importante falar sobre isso? Basta pararmos para escutar os relatos dos corpos excludentes de uma sociedade que discrimina de forma violenta qualquer diferença e autoriza aprisionamentos. O termo família agrega vários sentidos de cuidado, solidariedade, abrigo, compreensão...o problema é que algumas das nossas frustações e destemperanças, partem desse lugar que deveria ser de acolhimento. Princípios estes que são importantes para todo tipo de construções e relações afetivas que nos movem em rede, criam elos de irmandades que nos tornam, próximos, intímos, assim como força motriz capaz de fortalecer e estimular nossas potências individuais e coletivas. O " contrário" diz que " racismo não existe" ou mais atualizado... " agora esse povo danou-se a se apropriar da escrita ".Sim, como diz Lélia Gonzales " o lixo vai falar e de boa". Com dendê e patuá. O " contrário" Cerca e pula muros. assina com prazer condenações. O algoz de Palmares na contemporaneidade pertence a comunidade, posicionando-se no contra-axé que corta pela raíz. Será de onde bebem seus pré-conceitos? Que tipo de recalque eles tem? Adeptos da alegria de um poder triste e assombrosos revisitam suas estantes progressistas liberal carcomida de hostilidade. Encontrar Beatriz Nascimento é como se reconhecer imediatamente em alguém, admirar pela sensibilidade de me fazer mergulhar na sua história como se fosse a minha, a rainha e pantera negra afro-diaspórica nos conduz por horizontes pelo ato de suas enunciações. Busca sagazmente comprometida pela libertação do povo preto no combate contra os racismos e todas as formas de dominação. Dedica, praticamente ,a vida para essa necessidade de compreensão da luta coletiva e a necessidade de nos olharmos como povo, como comunidade, como vitimas sim, desses processos milenares de crimes contra a humanidade. mas sabendo que juntos, somos tudo aquilo que nossos antepassados nos deixaram como herança , campos vastos e profundos do conhecimento, da memória coletiva de resistência. As formulações da língua, do discurso, do vocabulário socialmente propagado e convencionalmente definido, fazem parte desse mesmo processo. Pois, "Através da linguagem, o preconceito, evidencia uma situação de fato, isto é, o racismo, a discriminação. A “aceitação”, a “integração”, a “igualdade” são pontos de vista do dominador" ( Beatriz Nascimento). SER-SENDO necessário tomarmos novas posturas, ressignificar conceitos, beber das águas salgadas. Pois, "Torna-se ainda mais difícil quando, (...), "impregnado de uma cultura em todos os sentidos branca e europeizada se faz necessário perguntar-se a si próprio se determinados termos correspondem à sua perspectiva, se não são somente reflexos do preconceito, repetidosamente sem nenhuma preocupação crítica". Inevitavelmente, existir no mundo é saber que partilharemos de algo que deve ser distrbuído em condição de igualdade e justa. Embora, seja um tipo de ética inexistente aos interesses das políticas de dominação. O que torna o indivíduo diferente no seu sentido universal? O que trona o ser diferente na sua aparição para o outro? enfrentando nossos mosntros internos em um ritual particular de desintoxicação do " eu" , das nossas consciências , da relação com o "outro" no interior das nossas coletividades e interações socais. Questionando as posturas de edificadas. "Somos aceitos por quem? Para quê? O quemuda ser aceito? O que é ser igual? A quemser igual? É possível ser igual? Para que serigual? ( Nascimento,1974: 67-8). " EU SOU ATLÂNTICA" Bora dançar?! Tem rumo... Asè. Axé.

domingo, 11 de julho de 2021

"Domingo, quero te encontrar..." 🎶🎶
Agò comunidade,
uma dica de encontro pra hoje pode ser essa obra de profunda reflexão. Que vai para além de uma tentativa de auto-ajuda... Rsrs
" O Espírito da Intimidade " é um tipo de literatura que nos tira daquele lugar de conforto. Um tipo de literatura que , vai para além, proporcionando conhecimento diante de uma forma particular de ser e estar no mundo, a relação com a comunidade, os sentido de solidariedade, de bem-estar e auto-cuidado. Provoca para o exercício de auto-reflexão por meio da espiritualidade assim como para questões que envolvem a formação das nossas consciências e subjetividades. Abre caminhos e tira o véu dos " relacionamentos privatizados". Encontra-se disponível pra PDF na internet. Algo que por um lado, dá oportunidade para um consumo aparentemente "democrático" de circulação do conhecimento. Contudo, fortalecer as produções , empreendimentos e projetos da negritude voltados para a ações que envolvam a emancipação da mente/corpo/espírito, toma importância essencial e existencial. Além de uma maneira expressiva e ativa de atuação ao movimento antirracista.

Boas leituras

Asè❣️

Saluba Nanã.🌹