sexta-feira, 27 de junho de 2025

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A fusão entre o real e o imaginário na história de Ponciá Vicêncio compõe, cenários desafiadores também férteis para expansão e conscientização através da literatura. Narrada profundamente por Conceição Evaristo ocupando esse lugar de observoar, chamando a nossa atenção através da sua escrita quase falada ao mesmo tempo que toma conta dando voz aos silêncios,agindo como guia generosa dos seus leitores sendo capaz de retirar qualquer sujeito do "conforto" linear usando o amaciar de suas mãos, impulsionando-nos para lugares de aberturas e acolhimento,com o propósito urgente de retecermos os elos através de participações refletidas em relação as nossas existências negrxs ao experimentarmos espaços de poder, estes que, replicam através dos "modernos" dispositivos de controle, o apagamento das nossas existências e produções que , de forma direta e indireta, contribui em ganhos para a total(idade). Conceição desenvolve um modo de escrita que parece sair da imaginação, dos ombros e do colo da vó contadora de histórias, o estilo que emerge de uma literatura autobiográfica, poética, comprometida com a memória , com as demandas da comunidade de pertencimento, pelo compromisso com várias gerações, embora em constantes e necessárias contestações ao sistema que opera os acordos racistas patriarcais. Dá voz a várias mulheres pretas através de suas personagens-vividas que trazem em suas trajetórias, as marcas sociais, as mesmas mazelas que afetam e tentam sucumbir todas as mulheres pretas acometidas pelo racismo e sexismo. Comumente,Ponciá Vicêncio traz para o centro do terreiro, esse lugar social, cultural, político e espiritual que envolve de forma profunda o universo dessas mulheres. Atenciosamente, Conceição Evaristo dá bençãos e compartilha com o seu público leitor, suas experiências enquanto mulher negra e escritora, transmite através das suas personagens mulheres,seu imaginário simbólico, suas narrativas semeadas em terras de minas e rodeada de palavras como ela mesma diz " eu não nasci rodeada de livros , eu nasci rodeada de palavras" , os ensinamentos transmitidos por sua mãe, tias e avó além de seu posicionamento político visivelmente atribuído pela energia que coloca na sua arte escrita. Através da escrevivência de Evaristo, reconhecemos de imediato algumas experiências compartilhadas pelo grupo, a partir desse lugar de aproximação: o acúmulo quase que enraizado de pesos que não são nossos, as dificuldades e barreiras impostas através de racismos e sexismos que tentam manter a estrutura construída por cima dos escombros, apropriando-se e (re)produzindo novas lógicas de opressão. Velhas questões, novos desafios com o propósito urgente de nos reconectarmos e tecermos elos capazes de nos dá alguma segurança quando estamos tratando de algo a partir de dentro desses espaços de poder que o corpo-nascimento da academia, o lugar por excelência de produção do conhecimento epistemológico, insiste em manter e reverbera em outras instâncias de poder, sempre dispostos ao controle e apagamento das nossas existências pretas se auto colocando como críticus opositores à grosso modo das nossas singularidades, subjetividades,produções intelectuais, artísticas etc. Voltando ao livro, logo após essa ideia racional,voltamos a dança da obra que, conceitualmente, pode assumir assim um tipo de escrita autobiográfica, poética, comprometida com a tradição oral,pois, segundo a própria Evaristo podemos reconhecer tanto uma literatura escrita, assim como uma literatura oral, também podendo ser bem versada com as exigências da língua, se for o caso , particularmente, priorizando e privilegiando as demandas da nossa comunidade de pertencimento, com a responsabilidade sagrada e material da nossa corporalidade. Evaristo exerce um papel intelectual importante na práxis transmitida por conhecimentos e saberes agregados durante sua rica trajetória existencial e do fazer literário. Dando voz as mulheres através do protagonismo de suas personagens-vivas que trazem em suas trajetórias as mesmas marcas sociais, as mesmas mazelas que afetam e tentam sucumbir todas as mulheres pretas acometidas pelo racismo e sexismo, ou seja, Ponciá Vicêncio traz para o centro do terreiro, esse lugar social, cultural, político e espiritual que envolve de forma profunda o universo dessas mulheres, Trata com mel e dendê sobre os embaraços e obstáculos, das tantas tentativas de apagamento em vida, das intenções irrefletidas e involutivas das posturas pré-definidas de baixa vibração e padrões obsoletos, vários desdobramentos atravessando épocas e privilegiando o atraso. Sendo importante Reconhecermos as literaturas negras como um espaço favorável e abundante de reconexão com o si-mesmo corporal e com a total(idade) podendo ser reconhecido como esse espaço de trabalho simbólico de cura capaz de sanar nossas dores causadas pelos excessos que nunca foram nossos mas depositaram em nós. Também há necessidade para que se tornem realizavelmente consumidas, assim como seu acolhimento e tratamento pelo mercado capital editorial , principalmente por outras vias de acesso criando pontes que possam chegar até os grupos excluídos socialmente. Que se corporifiquem no desabrochar das primaveras negras, somando, manifestadas m em ebó de obrigação dos nossos rituais e circularidades no exercício das suas funções. A escrita-poética de Conceição Evaristo em suas escritas-trilhas, permite-nos traçar caminhos que apontam afetuosamente para novas saídas mais serenas e empolgantes, alegres do fazer, potentes em seus processos assim como revelado através dos lugares que a escritora conseguiu alcançar, a crítica exunica, a fala dos becos e seus murmúrios, a trilha sonora que nos leva de volta aos quilombos e a natureza de suas riquezas histórica-culturais de seus pensamentos e ações. Um tipo de continuidade presente nas diferenças, na diversidade cultural, construção de idas e voltas através da memória, logo registros das rupturas, dos excessos e contradições que fundamentam historicamente a ideia e o sentimento de supeioridade marcado no tempo pela cultura "europedante", através dos modelos de formação e concepção dos sujeitos em seus discursos. Revisito o passado no instante que Ponciá compartilha seus saberes místicos quando se revela o arco-íris. Aproximo para esse diálogo, com pertencimento, a representação sagrada de Oxumaré. Ponciá transita entre o desespero e o medo ao passar por debaixo do arco -íris ao relembrar das histórias contada pelos mais velhos, medo de não ser reconhecida, medo de não ser mais menina, medo de ter se tornado menino. Deu fôlego a esperança, quando percebeu que nada " a tirou do seu destino" desejo da terra e do ventre onde nutre suas águas-fontes, Ponciá teme as mudanças oriundas do céu que se apresenta, mesmo ensinada sobre às forças do tempo, refaz-se na presença. Revela-se a imagem de Oxumaré e o arco-iris; uma das epifanias, que metade do ano vive no céu como arco-íris, metade outro, na terra como cobra rastejante, representa a dualidade que existe em tudo, entre os pólos, por outro lado, a força que põe a vida em movimento, do alinhamento e da união entre os planos, espiritual e material. OXUMARÉ E OXUM formam a segunda linha da Umbanda, a linha do amor e da concepção. Sendo Oxumaré a representação da possivel e contínua renovação, ou seja, a liberdade e a coragem para tratarmos com amor, cores, criatividade, multiversidade e trasnversalidade todos os aspectos da vida. Cultuado originalmente na tradição Angola, ao nikisi Angorô; angorô nikisi do arco-iris que traz a fertilidade do solo e as chuvas."Angorô, Angolô ou Ongolô, na mitologia bantu, é o inquice do arco-íris, que traz a fertilidade do solo com suas chuvas. Também é a serpente de duas cabeças que liga o céu e a terra e equivale ao orixá Oxumarê. Por ser andrógeno, é por vezes chamadas Angoromea." Ponciá Vicêncio tem o poder nas mãos. E a partir da magia e energia que coloca no barro molda sua própria história se re-faz no tempo e se re-encanta no encontro com seus antepassados. Àróbo yi Òsumarê! Àróbo bo yi! Ponciá Vicêncio, flor menina da roseira de Conceição Evaristo. Vivas todas as flores mulheres-meninas!🌷✨

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quarta-feira, 25 de junho de 2025

Tecendo signos vibrando sons...✨🌿🧚🏿‍♂️

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Olá 🌷💕 aceitam uma xícara de ☕!?😘

Acredito que, durante sua trajetória existencial, tuas atitudes foram as mesmas dos nossos antepassados — destino de mestres e mestras dispostos à luta contra a guerra, contra a fome, pelo incentivo e valorização de nossas tradições culturais. Sinto como se suas estratégias fossem alternativas de ginga de Palmares, ensinamentos de Zumbi, bendizer de uma certa paz que sempre soube o momento de avançar em ocasiões de perigo e recuar no momento em que os outros pudessem agir. Agrada-me tuas palavras sobre o que significa representatividade, ou seja, a escolha da comunidade por um(a) líder corajoso(a), leal, generoso(a) e de grande sabedoria. A imagem honrosa de uma mulher preta corajosa, ressignificando, canalizando e rechaçando os baluartes coloniais. Visualizar a esponja que está ao fundo da terra, no amálgama da terra, o sangue de Palmares e o sangue dos palmarinos — parte do sangue que corre em todas as nossas veias. Tens o dom de direcionar. Através de ti, compreendi que nós somos mulheres de ventre forte. Somos a origem da vida e a origem do que é fecundo. Mulheres com ternura, auxiliadoras, mulheres de poder e grande força, ensopadas, transbordantes... Tu me disseste, uma vez, que as Marias, as Madalenas — figuras fortes de poder — são feminilidades que ficam ao lado, ficam atrás, e não uma figura que fica na frente. Acredito que estes posicionamentos cabem em várias dimensões no que diz respeito às nossas relações interafetivas, de visões não dicotômicas, não binárias. O outro de nós é aquele que está ao seu lado. O outro é aquele que você segura, alternando as posições das mãos. Aquele que você suporta, se for seguro. O outro é aquele que você conduz. O outro não é aquele que você sobrepõe. Quando estou em solitude necessária e escolhida por mim, relembro de tuas orientações em relação à concepção de fuga. A fuga no sentido da dança: o momento em que você se sente com total liberdade e flexibilidade, abre espaços sem precisar usar máscaras sociais ou sair do lugar. Vejo esse lugar como um lugar de onde crescem as raízes, ação furtiva dentro do mesmo espaço, para uma dádiva de antes. Compartilho, sim, alegremente, suas oferendas, seu ebó. Inclusive, quero lhe dizer que compreendo plenamente quando, em suas anotações, comentas sobre seus conflitos externos e internos, suas alegrias, decepções pessoais, dilemas, dramas existenciais, questões amorosas e profissionais. Tu és uma voz amiga. Sempre vou ao teu encontro. E digo: ainda busco por mais informações e explicações sobre esse momento fatídico que foi capaz de te tirar de nós. Gratidão pela tua existência, pela tua passagem e pela dedicação que tiveste diante de nossas lutas seculares. Pelo legado deixado para nós — principalmente nós, mulheres pretas. Por ser uma ancestral ainda tão presente, respeitada, importante para os nossos estudos contra-hegemônicos e espirituais, assim como as rezas quilombolas perfumadas com teu cheiro. Gratidão pela poesia que foi tua existência. Amo tu, flor.